por Louise Marie Hurel.
From every corner of the land womankind arise!
Political equality and equal rights with men
Take heart for Mrs. Pankhurst has been clapped in irons again
No more the meek and mild subservience we
We’re fighting for our rights militantly
Never you fear!
(Tradução livre)
De todos os cantos da terra, mulheres ergam-se!
Igualdade política e direitos iguais aos dos homens
Tenham bom ânimo, a Senhora Pankhurst foi aprisionada novamente
Sem mais mansidão e subserviência nós
Nós estamos lutando pelos nossos direitos através da militância
Jamais tema!
Sister Suffragette – Mary Poppins
O filme “As Sufragistas” se passa em Londres, no início do século XX. Entre a ficção e a realidade, o filme conta a história de um grupo de mulheres (Maud, Violet e Edith) que, devido aos diferentes rumos da vida, se encontram na luta pelo direito ao voto. Com personalidades e experiências diferentes, suas histórias representam um pouco de cada uma das mulheres que militaram pelo sufrágio feminino.
Lembremos que a história do sufrágio feminino não é majoritariamente britânica, ela é multi-étnica, transfronteiriça, comporta uma vasta gama classes, cores e localidades, e o mais importante: é recente! Foi assim que me dei conta que minhas referências cinematográficas contavam histórias com sotaque e localidade específica — Mary Poppins com sua “Sister Sufragette”, Les Mis com Fantine.
A palavra sufrágio (subst masc.), se refere ao direito de votar. O sufrágio feminino se refere, portanto, não só ao direito ao voto feminino, mas ao movimento que surgiu em diversas localidades no mundo para romper com o caráter restritivo do voto — homens, brancos, acima de uma determinada idade. Além disso, esse movimento elucida a batalha pela desconstrução da mulher como persona do privado.
Apesar do filme se passar em 1912, ele é capaz de conectar com a espectadora, não só pela história, mas pelos recorrentes desafios. Assédio, falta de representatividade, desconsideração, desigualdade salarial são alguns dos incômodos que permanecem, em maior ou menor grau no dia a dia de cada mulher.
Poucos instantes antes de ser presa pela segunda vez, Maud (a protagonista) é levada ao interrogatório. Lá trava uma conversa com o detetive que me chamou a atenção.
MAUD WATTS: Você é um hipócrita
Detetive ARTHUR STEED: Eu sustento a lei
MW: A lei não quer dizer nada para mim. Eu não tive voz na elaboração da lei
AS: Isso é uma desculpa! A Lei é tudo o que temos
MW: Nós quebramos janelas, nós queimamos coisas, porque a guerra é a única linguagem homens ouvem
Esse trecho me fez refletir sobre os mecanismos de resistência, e como é (ou não) possível comunicar-se com uma massa estruturalmente opressora. O filme conta a história de uma resistência que procurou usar o mecanismo (“falar a língua”) do opressor contra ele mesmo, a guerra. Quando assim o fizeram, se tornaram ameaças. Esse discurso está imerso em uma busca pela liberdade no falar, agir e pensar. A ideia de representatividade e de acesso a esfera pública — arena das decisões políticas —, por mais que não seja nova, é o que permite o exercício da voz das mulheres no funcionamento legal da sociedade.
Por exemplo, imagine que você está em uma sala onde as pessoas estão usando camisas vermelhas, laranjas e azuis. Os azuis e vermelhos podem sair da sala a qualquer momento e falarem o que quiserem porém, os laranjas só podem se pronunciar dentro da sala. Um belo dia um laranja resolveu quebrar essa regra e falar. Na época, os azuis e vermelhos achavam isso um absurdo, inclusive chegaram a brigar. Anos se passaram e os laranjas já podem falar tanto na sala quanto fora. Um de cada cor está agora dialogando, que maravilha! Mas isso não quer dizer que o laranja é capaz de ter a mesma presença e voz que as outras cores, afinal, “é um laranja”.
O direito ao voto, o direito de se expressar não é a única batalha. A resistência feminina é travada diariamente no seu corpo, mente e nas suas relações com os outros. O histórico de vitórias favoráveis tem crescido, mas a batalha permanece tanto no âmbito nacional quanto no internacional. Em termos nacionais, gostaria de ressaltar (por mais que se possa levar em conta diversas outras vitórias) o alastramento de hashtags como #meuprimeiroassedio e #meuamigosecreto. Escolhi falar sobre essas hashtags, pois a apropriação da rede social como um espaço que dá voz a histórias chocantes e inacreditáveis, nos permite ter acesso ao indivíduo (através da história) e ao “macro” (o seu feed de notícias lotado de #meuprimeiroassedio e #meuamigosecreto).
Em escala internacional, a questão da desigualdade de gênero faz parte das novas metas para o desenvolvimento sustentável (SDG) da ONU. Essa luta tem tomado proporções significativas nos debates das diferentes agências da ONU em prol da Agenda 2030. Cabe não só as discussões dentro da ONU, mas principalmente o comprometimento dos Estados para que, ao olharmos para o futuro, vejamos um mundo mais 50/50.
Para terminar, Flawless da Queen B ft. Chimamanda Ngozi Adichie (tradução aqui):
We teach girls to shrink themselves
To make themselves smaller
We say to girls
“You can have ambition
But not too much
You should aim to be successful
But not too successful
Otherwise you will threaten the man”
Because I am female
I am expected to aspire to marriage
I am expected to make my life choices
Always keeping in mind that
Marriage is the most important
Now marriage can be a source of
Joy and love and mutual support
But why do we teach girls to aspire to marriage
And we don’t teach boys the same?
We raise girls to each other as competitors
Not for jobs or for accomplishments
Which I think can be a good thing
But for the attention of men
We teach girls that they cannot be sexual beings
In the way that boys are
Feminist – the person who believes in the social
Political, and economic equality of the sexes
I woke up like this
I woke up like this
We flawless, ladies tell ‘em
I woke up like this
I woke up like this
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